Maravilhosa poesia de Mario Benedetti sobre o amor e sentimentos – vídeo e texto. Deliciem-se com a poesia Cómo hacerte saber, de Maro Benedetti, Como te fazer saber? tradução de Sonia Mariza Martuscelli.
Através desse poema, podemos ter uma ampla visão sobre nós mesmos, o quanto podemos melhorar, de questões simples, às complexas. Realmente, inspirador, aproveitem bem 😉
Maravilhosa poesia de Mario Benedetti sobre o amor e sentimentos – vídeo e texto
Como te fazer saber que sempre há tempo?
Que só se tem que buscá-lo e se dar.
Que ninguém estabelece normas a não ser a vida.
Que a vida sem certas regras perde a forma.
Que a forma não se perde com nos abrirmos.
Que nos abrirmos não é amar indiscriminadamente.
Que não está proibido amar.
Que também se pode odiar.
Como te fazer saber que ninguém estabelece
normas salvo a vida?!…
Que o ódio e o amor são afetos.
Que a agressão porque sim, fere muito.
Que as feridas se fecham.
Que as portas não devem se fechar.
Que a maior porta é o afeto.
Que os afetos nos definem.
Que se definir não é remar contra a corrente.
Que não quanto mais forte se faz o traço mais se desenha.
Que buscar um equilíbrio não implica ser fraco.
Que negar palavras implica abrir distâncias.
Que se encontrar é muito bonito.
Que o sexo faz parte do que é belo na vida.
Que a vida parte do sexo.
Que o porquê das crianças tem um porquê.
Que querer saber de alguém não é apenas curiosidade.
Que querer saber tudo de todos é curiosidade doentia.
Que nunca é de mais agradecer.
Que a autodeterminação não é fazer as coisas sozinho.
Que ninguém quer estar sozinho.
Que para não estar sozinho é preciso dar.
Que para dar devemos receber antes.
Que para que nos deem também é preciso saber como pedir.
Que saber pedir não é regalar-se.
Que se regalar é definitivamente não querer.
Que para que nos queiram devemos mostrar quem somos.
Que para que alguém seja é preciso ajudá-lo.
Que ajudar é poder alentar e apoiar.
Que adular no é ajudar.
Que adular é tão pernicioso como virar a cara.
Que as coisas cara a cara são honestas.
Que ninguém é honesto porque não rouba.
Que o que rouba não é ladrão por prazer.
Que quando não há prazer nas coisas, não se está vivendo.
Que para sentir a vida não é preciso esquecer que existe a morte.
Que se pode estar morto em vida.
Que se sente com o corpo e a mente.
Que com os ouvidos se escuta.
Que custa ser sensível e não se ferir.
Que se ferir não é sangrar.
Que para não ser feridos levantamos muros.
Que quem semeia muros não colhe nada.
Que quase todos somos construtores de muros.
Que seria muito melhor construir pontes.
Que sobre elas se vai ao outro lado e também se volta.
Que voltar não implica retroceder.
Que retroceder pode ser também avançar.
Que não por muito avançar se amanhece mais perto do sol.
Como te fazer saber que ninguém estabelece normas, salvo a vida?!…